NA SUBIDA DO MORRO

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CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em abril 9, 2018
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MINHA COPA SERÁ DE VERMELHO

 

 

Lula não é santo. Ninguém é. Lula distanciou-se demais do líder sindical de outrora e claro, ouviu o canto de sereias suspeitas. O que fez, se é que fez, foi por conta de merrecas, tranqueiras de segunda linha que poderia ser ajeitado com seus rendimentos.

O que estamos vendo desde o rodo, o golpe que deram na Dilma, não é um circo. Por favor, cretinos, respeitem nossos palhaços e outros artistas do picadeiro. Também não foi um puteiro. Lavem a boca pra falar de nossas putas e profissionais do sexo, canalhas.

Em poucas palavras, por hora, enjaularam o próximo presidente dessa nação entristecida chamada Brasil. A terra das desigualdades, das injustiças, terra de ninguém que não educa, não protege, não cura, não acolhe nem zela pelo bem estar de seus filhos. A terra de ninguém. O mundo cão onde imperam falcatruas, conchavos e maracutaias. Estragaram o carnaval, o futebol. Convivemos com assassinatos, uma intervenção militar pra lá de suspeita e uma sombra pentecostal e perversa que aos poucos vai invadindo a cena, empoderando-se.

Lula atrás das grades não concorre muito menos vence eleição e voltemos à velha tecla: como dizem meus irmãos da Brasa “A elite treme” e claro que incomodou e incomoda pra caralho quando o homem do gueto, dos encostos das quebradinhas começa a ocupar a mesma universidade que as filhas da madame. Quando se senta ao lado num avião para uma viagem internacional.

Lula não é santo. Ninguém, vou repetir: ninguém, é. Mas fez pela gente pobre desse país o que ninguém fez. Ponto.

Continuo ainda sem conseguir arrumar minha gaveta com meias e cuecas, mas depois do espetáculo deprimente da semana passada, de perceber todos os órgãos de imprensa sedentos por sangue e pela cabeça do Luiz Inácio, decidi que voltarei às urnas nessa próxima eleição pra votar no candidato que Lula apoiar ou por um milagre, nele mesmo.

Com o coração entristecido aposentei minhas camisas amarelas da seleção. Até isso esses putos conseguiram foder. Passarei a Copa com minhas camisas de time, com a que tenho da Argentina ou de vermelho.

O mais provável.

São Paulo, 09/04/2018

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CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em abril 2, 2018
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MECANISMO?

 

De frente pro crime. Pra tela. Disparo o play (confesso) motivado pelo boicote de amigos queridos que comungam pensamentos e posições. Impulsionado por outros amigos especialíssimos com outras opiniões, predileções. Deu coceira. Nem sei do que se trata. Desconfio. Ouvi boatos, indicações sobre o tema e… rodando O Mecanismo, série da Netflix, dirigida por José Padilha. Oquei.

Abre o pano e gosto sempre de Enrique Diaz e Selton Mello. Segue o jogo, o episódio e sim: tem ritmo, prende. O contexto aos poucos vai sendo posto na mesa, mas pra mim tudo tranquilo: jamais usaria camisa amarela na Paulista (sic) nem votaria em ninguém do PSDB. Já estou formado. Sou quase um velho. Não há riscos.

– Oquei, barbudo safado! E os cururus de mente fraca ou os nossos desprovidos de alfabetização? Os influenciáveis?

Claro, claro. Nas capitais, nos confins do meu país, nos grandes e pequenos feudos a turma continuará trocando dentadura e saco de feijão pra eleger o filho de coronel. O diretório de um eterno candidato aqui da minha Vila já transborda de pedintes dispostos a qualquer coisa por um bico nas bocas de urna.

É uma série. Uma dramaturgia e por razões óbvias me interesso pelo produto. O produto trata de corrupção, da canalhada política. É tendenciosa a série. Quem tiver mais fundamento e alguma prova poderia até dizer que parece feita por encomenda. Assisto com os olhos do escritor. Do diretor de teatro. Gosto de bons atores. De boa dramaturgia.  Cultivo separar essas coisas. Nunca deixei de amar Michael Jackson porque ele tarava menininhos e arranjou um vitiligo bem mandrake pra dar uma clareada. Nem deixei de ir ao cinema ver o novo do Woody Allen porque ele casou com a enteada ou deixo de considerar Nelson Rodrigues o maior dramaturgo brasileiro, apesar de não ser o meu preferido.

Ridicularizar a figura do Lula, não me fará de modo algum votar no Bolsonaro, assim como não apagará minha monumental decepção com o operário sindicalismo que me fez usar uma estrela vermelha de plástico no peito na década de 1980.

De frente pro crime, assisto um, dois, três episódios e assistirei a série toda porque tenho essa obsessão (também): se passo do primeiro episódio de qualquer série, preciso completar. Com ou sem Mecanismo, no país da Voz do Brasil e do voto obrigatório, não sou mais eleitor há pelo menos dez anos. Do meu barraco, observo e sei que alguns irão pra cadeia, mas nenhuma corrupção será extinta por completo. Nem por Lava-Jato, nem por nenhuma outra moda. A canalha política estará sempre por aí. Já leram Os Bruzundangas do Lima Barreto? Livro bom e bem antigo. Recomendo.

Da minha parte, ainda não aprendi a dar conta de arrumar minha velha gaveta com meias e cuecas e seguirei curioso com livros, filmes, séries e peças, seja ano de eleição ou não.

Ps. Apuração do assassinato de Marielle arrasta, começa a se perder e Paulo Maluf já está em casa, malandragem.

 

 

São Paulo, 30/03/2018

CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em março 26, 2018
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MARIELLE E OS ENRUSTIDOS

 

Do dicionário: Adjetivo. 1. Que se enrustiu; escondido. Segredo. 2. Que não se revela, não se expõe (diz-se de pessoa); dissimulado, introvertido. Todo aquele que esconde o óbvio é enrustido. Todos veem o enruste, menos o sujeito em questão. Dar uma ideia falsa acerca de alguma coisa. Tentar encobrir o óbvio, pois são não negam devido ás atitudes que demonstram, mas mesmo assim tentam dar a ideia de ser outra coisa que não são.

Fato é que dia desses exclui um enrustido do meu facebook. Não sou disso. Não mesmo. Ao contrário. Por motivos pessoais e profissionais nunca recuso uma solicitação de amizade. Posso estar desprezando um admirador da minha literatura sem saber. Mas excluí um enrustido do meu facebook. Coincidentemente o enrustido é admirador e seguidor do Bolsonaro. Coincidência porque não foi por esse motivo e ao se declarar, automaticamente, se redimiu do enruste sobre o tema e acho legítimo que todos sejam livres para suas predileções em qualquer aspecto.

O enrustido pode ser branco, negro, oriental. Pode sim. Ser bonito, feioso, eloquente ou tímido. Simpático ou mala, sonso, dissimulado ou arrogante. Mas anda por aí misturado com a gente. Nas sombras, sim. Na encolha, acumulando distorções e repertórios de perversões nocivas. O meu excluído em questão por acaso é branquelo. Anda no meio da negrada e das rodas de samba. O feioso que é tirado e mesmo assim ri da situação. Nunca reage. Não parte pra cima. Não se coloca. E é obvio que não foi por nenhum desses motivos que singelamente fiz com que sumisse das minhas vistas, mas pelo fato de no caso do mais que evidente assassinato da ativista Marielle Franco, no dia seguinte ao sepultamento da vereadora, alguém que deixou como a maioria de nós um família e amigos em farrapos e no caso dela toda uma nação perplexa e mobilizada, sem o menor fundamento, desumano, ditador (semelhante ao seu suposto candidato) me saiu com essa:

– Ajudou bandido? Pagou a conta. Polícia fez certinho.

Aí não dá, malandragem. Tenho estômago frágil.

 

 

 

São Paulo, 26/03/2018

CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em março 19, 2018
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TIRO, PORRADA, (PROFESSOR) E BOMBA

 

Dia 14 de março. Aniversário da minha mãe. Dia 14 de março e teve greve dos professores municipais. Dia 14 de março e minha mãe está morta e eu não marco data pra sentir a sua falta ou ficar triste. Dia 14 de março teve greve dos professores e minha mãe era professora e desde os anos de 1970 acompanhei com ela as inevitáveis greves do professorado paulistano. Dia 14 de março e eu que não marco data pra ficar triste, fiquei quando vi na TV e nas redes sociais a professora ensanguentada, com seu nariz fraturado por conta de agressões da polícia. Não fiquei triste porque lembrei da minha mãe ou a projetei naquela professora. Tristeza bateu porque um país que trata seus professores a pontapés está irremediavelmente fadado ao fracasso. Fadado a ser terra de ninguém regido pelas leis do mundo cão.

Minha mãe ficou muito doente. Era mês de julho de 1999. Estava deitada em sua cama enquanto eu fazia a barba e a espiava pelo reflexo do espelho. Ela se ajeitou um pouco e perguntou:

– Puxa vida. Acho que não vai dar pra voltar agora em agosto, né?

– Pra lecionar, mãe.

– É claro.

Uma hora e meia depois ela morreu.

Lecionar, passar ensinamentos é uma espécie de sacerdócio. É doação. É satisfazer-se com o desenvolvimento do outro. Nas artes, no esporte, na vida acadêmica. Ver a professora sangrando por reivindicar seus direitos foi brutal.

Lecionar é sacerdócio. Como deveria ser a vida pública. Quem se mete em política deveria ter isso metido na cachola. Fazer pelo e para o outro. E tudo o que vemos são jogos de poder. Operações em causa própria enriquecimentos ilícitos, maracutaias, soberba e má fé.

 

Dia 14 de março. Aniversário da minha mãe. Dia de greve dos professores municipais e tudo que pude fazer foi uma prece e uma vela branca. Pra iluminar minha mãe e os professores do meu país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São Paulo, 19/03/2018

CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em março 12, 2018
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OS PRETINHOS DO BOCA JUNIORS

 

Socorro, hermanos e escribas argentinos, Juan Diego Incardona e Léon Pereira. Ajudem seu amigo brazuca: Pelas calles de Villa Celina, Flores, pelos encontos del barrio de Constitución , em meio ao movimento de la Plaza Itália, existem pibes a desfilar, fagueiros com a camisa do Corinthians? São Paulo, Santos, Flamengo?

Na Rua Rosália de Castro, Vila Campestre, São Paulo, capital, tem um grupo de seis garotos que batem bola todos os dias de pés no chão, camisas do Real Madrid, Barcelona, Borússia Dortmund (hã?). Levam as costas nomes como: Messi, Modric, Lewandowski e Bale. Disputas áridas e animadas, dois contra dois, três contra três. Quando o lance é sério, os dois times envergam a camisa da seleção argentina e dá-lhe disputa:

– Como é que é molecada? Que negócio é esse? Que camisa é essa? Andam bebendo água de bidê?

– Se liga, tiu. A gente nem torce pela seleção brasileira, não. A gente torce pra Argentina.

Foram tão enfáticos que nem me interessou saber por quê.

De uns meses pra cá, a coisa ficou pior. Vi um pretinho com o uniforme completo + chuteiras, do Boca Juniors. Um lindo uniforme em azul com detalhes em amarelo. Vi dois pretinhos com o uniforme do Boca. Três. Dez. Vinte e cinco. A Vila Campestre anda tomada por pretinhos usando o uniforme completo do Boca Juniors. E a pergunta que fica: que porra é essa?

Heleno de Freitas , Domingos da Guia , Charles, Baiano, Iarley,  Luis Alberto foram brasileiros, uns mais uns menos craques e pretinhos que jogaram pelo clube portenho sem grande destaque e por pouco tempo. Alguns sofreram direta ou indiretamente com racismo. Só o são–paulino Silas brilhou por lá com a camisa do São Lorenzo de Almagro.

Encontrei a resposta quando colei num desses meninos uniformizados (gozado: onde ele aprendeu a falar o português?) e descobri que encravada na Vila Campestre, Rua das Grumixamas, 990, existe uma escolinha oficial do Boca Juniors.

Tenho amigos adultos que torcem pela Argentina. Eu mesmo tenho uma camisa do Estudiantes De La Plata e da seleção por causa do Verón, mas ando cabreiro com a nossa identidade da bola. Será que só o bestalhão deslumbrado do Neymar não é suficiente pra alimentar nosso velho orgulho e nossa velha paixão pelos craques brazucas?

Juan Diego Incardona, Léon Pereira: existem Escolinhas de Futebol do Corinthians, do São Paulo, Santos ou Flamengo em Buenos Aires?

 

 

 

 

São Paulo, 12/03/2018

CRÔNICA DE 2ª

Postado por nasubidadomorro em março 5, 2018
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PORRADINHA

 

Não sei de que modo seu fígado foi curtido, mas fico besta, me cai o queixo quando vejo infantes espinhentos e magricelos abraçados a garrafas de Black Label, White Horse. Lindas menininhas de riso frouxo entornando vodcas alemãs curtidas na pera e tropeçando pelas calçadas do centro velho. Zero moralismo. Que bebam à vontade. Saúde. Tim tim. Questão aqui é que forjei meu paladar etílico na base de muita porradinha. Forjar é força de expressão: vulgarizei, estraguei meu gosto pra bebidas.

Os mais coroas sabem do que estou falando. Garotos tarados e sem um trocado no bolso além dos gastos no maço de cigarros pra ser dividido por quatro e a entrada do baile (vejam vocês: baile) que tratavam de colar os umbigos  suburbanos nos balcões dos botequins e disparar solenes:

– Uma porradinha!

Que nada mais era do que uma dose da pior e mais barata pinga que o estabelecimento pudesse servir, mais uma garrafa de refrigerante. Coca amargava as coisas, ia-se muito de soda ou limão brahma. Vantagem é que uma garrafa de refri dava pra repartir com os amigos ou para o preparo de pelo menos três rodadas individuais da bebida.

O segredo da porradinha consistia em, após misturar a cana com a soda, fazer o movimento de subir o copo e bater com a mão aberta na boca do mesmo, chacoalhando, produzindo uma espécie de sonrisal de pinga bebido num gole só.

Quem bebeu, sabe. Depois da terceira dose, além das estrelas, as minas ficavam lindas, o peito varado de coragem e a noite era uma incansável criança nos salões do Califórnia Dreams, Toco e Contramão.

Só fui beber meu primeiro bom uísque depois dos 20 anos e isso porque uma galega endinheirada se enrabichou e quis fazer uma presença com o malte furtado do pai. Pra ela não adiantou nada. Nem pra mim. Já era tarde. Manhãs, tardes, noites e madrugadas curtidas em doses industriais de porradinhas, rabos de galo, dreher e claro nos vinhos e cervejas mais baratos e ordinários do mercado zuaram irremediavelmente meu gosto pra biritas. Em boas marés já ganhei muita grana, confesso. E sempre comprei e continuo traçando as piores bebidas.

Será lenda? Que a gente sai da quebrada ou da favela, mas ela…

Vocês sabem. Eu também. Porque nunca sai.

Ponto final na crônica. Vou abrir um Itaipava pra celebrar.

Simbora?

 

São Paulo, 02/03/2018

LEITURA DRAMÁTICA: SELARÓN – ARQUITETO DO DELÍRIO

Postado por nasubidadomorro em setembro 26, 2017
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Deu-se a quizomba no sábado e foi bacana. Ritmo, energia e imperfeições. Do jeito que tem que ser. Agradecido pela comunhão da literatura, da dramaturgia dos rueiros. Dia bonito e o povo chegou junto a fim de tabelar com a gente. Ritual cumprido. 
Tambores ao sol. Aurora para a próxima função. Avante.
Evoé, Cesar, Daiana e Jéssica.
Aos camarás todos que apareceram.
Dale, Luciano pelos clicks. Sempre.
Bora lá, minha gente.

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